terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Maldito Seja


Maldito seja!
Este mundo moderno
Esta incerteza!
Maldito seja este copo de cerveja
Que só me traz mais tristeza

Maldita seja sua certeza
Que me destrói por inteiro
Não sou o primeiro
A sentir o desespero
De ter que dizer ao mundo inteiro
Que todo este dinheiro
Não me faz verdadeiro

Até a última cerveja
Espero que minha mente esteja
Sóbria o bastante pra te refutar
E sei que estará...
Pois no momento mais sombrio
Caminhando no inverno frio
no fim do caminho   
A certeza virá!

Na virada de ano
Na virada da cama
Na virada de um copo de cana
Ouvindo um disco do Caetano
Sem nem ao menos avisar
Sua decisão virá...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Culpado

Culpado
Todos querem um culpado
Da fome, da miséria
Da derrota, do errado

Todos querem um culpado
Se não existe, qualquer um é nomeado
Por que não paras de achar um culpado?
E olha o que você fez de errado

Por que não para de me apontar
O que fiz de errado?
Por que não olha a beleza do passado
Por que não deixa o rio correr apressado
Por que não vê que não existe culpado?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Como viver sem magoar as pessoas?

Certa vez fui tomar uma cerveja e afogar as mágoas e encontrei um senhor que se aproximou e puxou conversa. Eu estava sozinho e ele perguntou se podia se sentar comigo, eu disse que não haveria problemas, mesmo intrigado com o senhor. Ele tinha cabelos compridos, mas bem ralos, era o típico careca cabeludo. Tinha uma barba por fazer e fumava Hollywood, do filtro vermelho. Não fazia idéia do que queria comigo, mas preferi achar que era um velho solitário procurando alguém para conversar e viu em mim um jovem também solitário que pudesse conversar.
Na época eu tinha cabelos também compridos e era metaleiro convicto, mas o velho sabia que eu não era aquilo que o exterior dizia. Puxou conversa perguntando o que um jovem como eu fazia sozinho em um buteco feio e sujo numa noite de sexta. Disse a ele que matava cursinho, pois não me interessava a aula, me perguntou logo se era relacionamento... "Ah as pessoas, como conviver com elas e não magoar ou ser magoado?" eu disse a ele. Então ele riu sugou a fumaça soprou e me disse: "As pessoas não nascem pra satisfazer às outras, elas nascem pra ser felizes!". Perguntei ao velho Sérgio, se era justo isso, como as pessoas podiam fazer isso umas com as outras. Ele disse na sua sabedoria de velho: "Rafael, se você se preocupar demais com os outros se esquece de você e se esquecer de você acaba por magoar os outros! Não há saída, seja você. Pense nos outros mas haja como quiser, a vida é sua. Não há certo nem errado, quem diz isso? As mesmas pessoas hipócritas são as que te condenam." Bebemos algumas cervejas, ele morava em um prédio velho no centro, foi em casa pegar cigarros e trouxe um CD. "Rafael isso aqui é um CD com todas as músicas do Raul, escuta que é bom".
Perdi o contato com o velho Sérgio, mas o CD que ele me deu foi o melhor presente que já ganhei na vida. E aprendi então que não há como viver sem que seus desejos trombem com os de outros, é impossível não magoar. As coisas são assim...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma noite qualquer


Mais de meia-noite
Nem noite nem dia...
Surge a agonia
De ter que voltar

A cidade parecia ressonar
De forma suave
Como o mar
Sinto uma tristeza tão profunda
Que nem me dou conta
De que comecei a chorar

O sujeito do meu lado
Me olhou calado
Depois baixou a cabeça
E pude ver uma lágrima rolar
Também fiquei calado
E voltei a me afogar

Traga-me a saideira meu senhor
A minha dor
Não agüenta esperar
Já te adianto que não sei que dia vou te pagar
Eu só garanto que amanhã eu vou voltar

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Em nome da tristeza


Um copo lagoinha na mesa
Dois dedos de remédio pra tristeza
Tenho certeza
Isso não acaba bem
A música me remete com clareza
A um tempo em que essa companheira tristeza
Não me se sentava na mesa

Já está tarde...
Mas a cidade é sempre a mesma
As pessoas passam sem olhar pro lado
Sinto-me desolado
No meio de uma multidão de isolados
Mas a cidade é sempre a mesma

Em nome da tristeza
Peço ao amigo da mesa
Que me traga um pouco mais
da mesma
Estou novo demais para falar de morte
Cansado demais para falar de sorte

É hora de ir embora
Que nada tem a ver com boa hora
É hora da degola
Amanhã é um novo dia
Uma nova história
Mas que sempre se repete
Depois do serviço, às sete.

Dois dedos de remédio
Para curar o meu tédio!
Dois dedos de remédio
Para mais um ébrio!