domingo, 5 de junho de 2011

Brava gente


O gozo
O rito
A fita vermelha
Rompida com um berro
A repressão com mãos de ferro
Uma criança violada
Em berço pátrio, em sua terra
O beco escuro
de onde se ouve o sussurro
de prazer
   de medo
       de pavor, desespero
O gato preto de olhos profundos
O gueto imundo
O velho mudo
e o jovem surdo
A hipocrisia latente nesta gente
que sente orgulho
de ser esperta
mais venenosos que a serpente
gente indecente
que de brava não tem gente
Colocam a culpa nos políticos
elegem palhaços
e promovem e sustentam este ciclo
O preço é caro
São todas marcadas as cartas
deste baralho!
Ainda sim cantamos o hino
cantamos não, fingimos
fugimos, fugimos
Em cada copo de cerveja
em cada papo fiado na mesa
Nos campos, nos gramados
Esquecemos nossa história
esquecemos os inimigos
as torturas
   e as glórias
O sangue escorrido
As lágrimas choradas das mães
não informadas
As forças armadas
sua podridão e suas medalhas
sua honra desgraçada
todo esse circo de lorotas
mal contadas
Oh brava gente!
que piada
gente que de brava não tem
nada
nascida em uma pátria que não
é amada
Porra de hipocrisia desgraçada!